quinta-feira

A concorrência.

Ultimamente eu tenho pensando muito sobre a concorrência. Depois dos movimentos feministas e da revolução sexual, algumas mulheres se acharam no direito de desrespeitar o Código de Ética Feminino (C.E.F). Elas estão por toda a parte, são as garotas que não se importam em trabalhar 12 horas e ganhar por 6, que estão sempre depiladas e dispostas a engolir qualquer coisa.

Meus amigos homens já haviam tentando me avisar, a concorrência aumenta conforme os anos passam e cada vez mais elas iniciam na vida mais cedo. Mas eu e minha enorme confiança na próxima e no C.E.F me neguei a acreditar. Foi aí que me encontrei diante da concorrência.
É verdade que uma competição saudável pode ser o impulso que estava faltando para você fazer aquele curso, entrar na academia ou aprender outra língua. Mas em momento algum nós mulheres devemos nos sentir acuadas. Parece que cada vez que você faz uma exigência, aparecem outras tantas que estão mais do que felizes em fazer o que você acha que não deveria.
Seja no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos amorosos, a concorrência é desleal e não descansa. Em um momento como esse eu não posso deixar de pensar, será que devo afastar minha tênue linha ética alguns centímetros? Ou se algo parece ser tão desconfortável e injusto, simplesmente não vale à pena?
Sinto que é meu dever como futura fisioterapeuta, mulher e blogueira, bater meu pé e dizer por uma vez por todas: EU NÃO VOU FAZER ISSO. E se isso significa batalhar mais pelo emprego e a pessoa que eu amo, pouco importa. Por que agora eu farei as coisas do meu jeito. A concorrência que me aguarde.



Ane Caroline
que daqui por diante não fará mais concessões

terça-feira

Apesar de tudo

Durante nossa existência todos nós passamos por crises, eu atualmente estou sofrendo da famosa crise dos dezoito anos. Se alguém, á seis anos atrás me perguntasse como a minha vida seria aos dezoito, eu diria sem hesitar, que ela seria maravilhosa.

Eu provavelmente estaria errada sobre quase tudo. Para mim a vida deveria ser como uma propaganda de maquiagem, rodeada de amigos sorridentes e todo mundo feliz. Mas, as coisas nem sempre são como planejamos.
Recentemente eu perdi uma grande amiga, a partir daquele momento eu soube que aquela fantasia, que ainda vivia em algum lugar da minha mente, nunca mais poderia ser a mesma. Eu tive de aceitar a minha realidade e aprender a lidar com ela: eu não posso carregar meus amigos embaixo dos meus braços para que assim eles nunca caiam ou se machuquem. Eu não posso evitar que às vezes eu seja machucada e que minhas ações machuquem outras pessoas.
Tudo isso pode parecer óbvio para alguns, mas eu levei um considerável tempo para entender que a vida não dever ser tratada tão friamente e que o cinismo não leva a nada além de boas tiradas. Hoje, depois de algum tempo pela primeira vez, eu me senti a mesma. Pude chorar sem me sentir culpada pela perda de um amigo, eu pude me perdoar por não ser uma amiga mais animada, por ficar reclamando o tempo todo, eu pude entender porque eu estou ‘sozinha’ á tanto tempo.
As coisas ficam bem mais claras quando conseguimos nos aceitar pelo que somos: seres humanos. Apenas pessoas que cometem erros, mas que ocasionalmente também acertam. E não importa o quanto as pessoas tentem te fazer ver isso, você só vai entender quando estiver pronto.

segunda-feira

'Eu te amo' não diz tudo.

O cara diz que te ama, então ta. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?
Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver ou tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas. Um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado, é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a posto para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando.
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você a dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em um copo d’água.
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem a sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.


Texto de Martha Medeiros.
Acho que não preciso dizer mais nada (;